A decisão de se tornar um entregador do iFood em 2025 envolve uma análise cuidadosa que vai além da simples promessa de flexibilidade e autonomia. Com o cenário econômico em constante mudança e as novas políticas da plataforma, é crucial pesar os potenciais ganhos contra os custos e os desafios inerentes à profissão. Este artigo completo detalha a remuneração, as vantagens e as desvantagens de trabalhar como entregador parceiro do iFood no Brasil.
A Remuneração em 2025: Novos Valores e a Realidade nas Ruas
O iFood implementou novas políticas de remuneração a partir de junho de 2025, estabelecendo novos valores mínimos por entrega. Para motociclistas e motoristas de carro, a taxa mínima por corrida agora é de R$ 7,50, enquanto para os ciclistas, o valor é de R$ 7,00.
Segundo dados divulgados pelo próprio iFood, o ganho bruto médio por hora trabalhada na plataforma em 2024 girava em torno de R$ 28. A empresa projeta que, para um entregador com uma jornada de 40 horas semanais, os ganhos mensais podem variar de R$ 1.980 a R$ 3.039. Já para quem dedica cerca de 20 horas semanais, a estimativa fica entre R$ 807 e R$ 1.325.
No entanto, a percepção dos entregadores nas ruas revela uma realidade mais complexa. Muitos relatam que, para atingir valores significativos, são necessárias longas jornadas de trabalho, superando 10 a 14 horas diárias. Relatos em redes sociais e vídeos de entregadores indicam um ganho líquido por hora que, após descontados os custos, pode ficar em torno de R$ 20 em dias de bom movimento.
Custos Operacionais: O Que Pesa no Bolso do Entregador
O faturamento bruto não reflete o lucro real. Os entregadores arcam com uma série de custos variáveis e fixos que impactam diretamente a remuneração final:
- Combustível: Principal despesa para quem usa moto ou carro, com preços voláteis que afetam diretamente a margem de lucro.
- Manutenção do Veículo: Trocas de óleo, pneus, freios e reparos inesperados são custos constantes e inevitáveis.
- Plano de Dados de Celular: Essencial para o uso do aplicativo, representa um custo fixo mensal.
- Seguro do Veículo: Embora o iFood ofereça um seguro de acidentes pessoais, o seguro do veículo (moto ou carro) é de responsabilidade do entregador.
- Alimentação: Para quem passa o dia na rua, os custos com alimentação também devem ser considerados.
Vantagens: Flexibilidade e Novos Benefícios
A principal vantagem, e o maior atrativo para muitos, continua sendo a flexibilidade. A autonomia para escolher os horários de trabalho e a possibilidade de conciliar a atividade com outros compromissos são pontos fortes.
Além disso, em 2025, o iFood intensificou seus programas de benefícios para os parceiros, com destaque para o “Super Entregadores”. Este programa de recompensas, baseado em níveis (Ouro e Diamante), oferece:
- Ganhos Adicionais: Acesso a promoções e missões exclusivas com potencial de ganhos até 30% superiores.
- Bônus Anual: Possibilidade de receber até R$ 3.000 em dinheiro ao final do ano, de acordo com o engajamento.
- Vantagens e Descontos: Acesso a descontos em manutenção de veículos, planos de celular gratuitos (para a categoria Diamante) e isenção de taxas para antecipação de repasses.
- Seguro Ampliado: A cobertura do seguro pessoal gratuito foi ampliada, com indenizações que podem chegar a R$ 120 mil em casos de morte ou invalidez.
A plataforma também oferece acesso a cursos e programas educacionais, visando o desenvolvimento pessoal e profissional dos entregadores.
Desvantagens: Riscos e Ausência de Direitos Trabalhistas
Apesar das vantagens, as desvantagens da profissão são significativas e devem ser um ponto de atenção para os interessados.
1. Ausência de Vínculo Empregatício e Direitos Trabalhistas: Como trabalhadores autônomos, os entregadores do iFood não possuem os direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias remuneradas, 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e seguro-desemprego. Em caso de doença ou acidente que impeça o trabalho, não há uma rede de segurança financeira garantida pela plataforma além do seguro para acidentes durante as entregas.
2. Riscos e Segurança: A exposição constante ao trânsito intenso das cidades eleva o risco de acidentes. Além disso, a segurança pessoal é uma preocupação constante, com relatos de roubos e furtos de veículos e pertences. O trabalho também expõe os entregadores a condições climáticas adversas, como sol intenso e chuvas fortes.
3. Desgaste Físico e Emocional: Longas horas de trabalho, a pressão por entregas rápidas e a constante atenção no trânsito geram um desgaste físico e mental considerável.
4. Insatisfação com a Remuneração: Apesar dos reajustes, muitos entregadores consideram a remuneração insuficiente para cobrir os custos e os riscos da profissão. A categoria reivindica valores maiores, como uma taxa mínima de R$ 10 por entrega e um aumento no valor pago por quilômetro rodado, queixas que levaram a paralisações e protestos em 2025.
Veredito: Vale a Pena?
A resposta para essa pergunta é subjetiva e depende do perfil e das necessidades de cada indivíduo.
Pode valer a pena se:
- Você busca uma fonte de renda complementar com alta flexibilidade de horário.
- Você já possui um veículo em bom estado e tem uma boa organização financeira para gerenciar custos.
- Você valoriza a autonomia e prefere não ter uma rotina de trabalho tradicional com chefe e horário fixo.
Pode não ser a melhor opção se:
- Você procura a segurança e os benefícios de um emprego com carteira assinada.
- Você não tem uma reserva de emergência para cobrir custos inesperados com o veículo ou períodos sem trabalhar.
- Você não está disposto a enfrentar os riscos do trânsito e a instabilidade de ganhos diários.
Em suma, ser entregador do iFood em 2025 pode ser uma alternativa viável para gerar renda, especialmente com os novos programas de incentivo. Contudo, é fundamental ter uma visão realista da atividade, calculando os custos, entendendo os riscos e estando ciente da ausência de proteções trabalhistas. A decisão exige planejamento e uma análise honesta sobre se as vantagens se sobrepõem às significativas desvantagens da profissão.