A Z 900 é a moto mais vendida da Kawasaki no Brasil, com 1.179 emplacamentos em 2023 (fenabrave). Este fato, surpreendente para uma marca que possui vários produtos interessantes em segmentos mais acessíveis, aguçou nossa curiosidade e motivou um teste com o best seller japonês. E nem foi preciso procurar muito para encontrar as razões de seu sucesso. Mas afinal, será que vale a pena entrar para sua lista de clientes?
Teste Kawasaki Z 900
Aqui você irá saber como é rodar com a naked e a forma como a Z 900 se comporta em diferentes situações. Ainda, uma apresentação de sua ficha técnica e recursos. Mas, antes, precisamos registrar um agradecimento à Kawasaki Green Point, concessionária de Porto Alegre (RS) que prontamente cedeu a unidade testada.
Ficha técnica Z 900: quem é a naked
A Z 900 foi lançada em 2017 e chegou ao Brasil como modelo 2018. Para suceder a Z 800, trouxe importantes atualizações mecânicas, inclusive com motor de 948 cm³, ciclísticas e de estilo. Em 2021 recebeu mais novidades, quando teve seu pacote eletrônico completamente revisto. E este é um de seus pontos fortes, mas já chegaremos lá.
Seu motor de 4 cilindros, DOHC, de 16 válvulas e 948 cm³, gera 125 cv e 10,1 kgf.m de potência e torque máximos, a 9.500 rpm e 7.700 rpm. O câmbio é de 6 velocidades e conta com embreagem assistida e deslizante.
Na ciclística, destaque ao chassi em treliça. A suspensão dianteira é invertida e tem 120 mm de curso, enquanto a traseira conta com Back-link e possui 140 mm. Ambas são ajustáveis na compressão da mola e velocidade de retorno. As mudanças são feitas manualmente, com auxílio de chaves, mas de forma fácil.
As rodas 17 calçam pneus Dunlop 120/70 e 180/55, com pinças de freio Nissin de discos duplos de 300 mm na frente e simples de 250 mm na traseira. A versão topo de linha Z 900 R tem freios Brembo, além de amortecedor traseiro Ohlins.
A moto é compacta e leve. Tem 2.070 mm de comprimento e 1.455 mm de entre eixos. O banco está a 820 mm do solo. Tem tanque com 17 litros de capacidade e pesa 212 kg em ordem de marcha – abastecida e pronta para rodar.
Eletrônica: um diferencial da Z 900
Aqui, um quesito destacado em 10 a cada 10 proprietários de Z 900. O pacote eletrônico do modelo é um dos mais interessantes da categoria, marcando um salto em relação às Z 800/900 anteriores e apresentando uma série de recursos exclusivos em comparação com concorrentes diretas. Algumas mais caras, inclusive.
A geração atual da 900 conta com iluminação full LED (incluindo a famosa lanterna em ‘Z’), embreagem assistida e deslizante, indicador de pilotagem econômica, freios ABS (que não podem ser desativados), controle de tração em 3 níveis (pode ser desligado) e 2 níveis de potência. Combinados, controle de tração e de níveis de potência formam 4 modos de pilotagem: Rain, Road, Sport e User, personalizável.
Todos os recursos são gerenciados por uma tela TFT de 4,3 polegadas. Ela ainda apresenta os dados do computador de bordo (consumo médio/instantâneo, velocidade média, temperatura, tempo de viagem, bateria, trip A e B) e pode ser ajustada com fundo branco ou preto. Já o nível de brilho tem ajuste automático.
Para fechar, tem conectividade bluetooth. Assim, exibe na tela avisos de notificações e também é compatível com o interessante aplicativo Rideology the App. Além de dados básicos sobre status da moto (onde está estacionada, hodômetro, nível de combustível etc) a plataforma informa detalhadamente as viagens realizadas, apontando a velocidade, marcha, rotação, nível de inclinação e muito mais em cada trecho. Lembra uma telemetria. Conheça suas funções no vídeo abaixo.
Como é rodar com a Kawasaki
Feitas as devidas apresentações, é hora de acelerar a Z 900. Logo nos primeiros metros, ela mostra outro de seus trunfos: a facilidade de pilotagem. Sua leveza, agilidade e comportamento são surpreendentemente acessíveis. Em poucos segundos você esquece que está numa moto de 125 cv e capaz de ultrapassar os 250 km/h.
Assim, na cidade o modelo surpreende pela docilidade, mostrando que pode atender mesmo motociclistas com experiência apenas em motos menores. Também agrada pelo conforto das suspensões e facilidade nas mudanças de direção. Ainda é competente em detalhes como o formato dos espelhos, de ótima visibilidade.
Mas é na estrada que você irá aproveitar o que ela pode oferecer. A posição de pilotagem pende à esportividade, mas pode garantir conforto em distâncias curtas ou médias. Com alguns ajustes, como a altura do guidão, pode até ser uma bela companheira de longas viagens.
E também precisamos falar de adrenalina, claro. Amigável em baixas rotações, o motor é explosivo em altos giros, numa combinação apaixonante de esportividade com o belo som de seus 4 cilindros. Em poucos segundos o painel TFT já aponta velocidades superiores aos 200 km/h – e os dígitos continuam subindo rapidamente.
Nota azul para o câmbio, também, muito preciso e macio. Além disso, destaque à ciclística. A moto é notoriamente estável em qualquer situação. Seja em curvas acentuadas ou altas velocidades, está sempre colada no chão. Num autódromo e com pneus adequados, deve surpreender ainda mais – quem sabe tenhamos essa oportunidade em breve.
Consumo e top speed
Acredito que ninguém compra uma moto 4 cilindros de quase 1.000 cilindradas para fazer entregas, mas a pergunta ‘quanto ela faz por litro?’ sempre marca presença. Numa tocada econômica, com velocidades entre 100 a 120 km/h, ela registrou números próximos aos 18 km por litro.
Outra questão é o top speed. Segundo os dados oficiais da Kawasaki, a velocidade máxima da Z 900 é de 255 km/h reais – cerca de 260 km/h no painel. Isso com a moto original, claro, sem qualquer ajuste na injeção ou escapamento, por exemplo.
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Custo benefício e outros pontos fortes da Z 900
Abrimos este teste falando sobre as razões do sucesso da Z 900. E aqui está a maior deles: custo benefício. Nenhuma outra naked oferece tanto por R$ 60 mil. Uma moto surpreendentemente amigável em baixas velocidades, brutal em altas rotações e de ciclística impecável. Ainda, com interessante pacote eletrônico.
Talvez a principal concorrente seja a MT 09, com desempenho e preço próximos. Porém, a Yamaha tem eletrônica bem mais simples, abrindo mão de recursos como painel TFT, conectividade e iluminação full-LED. Para comparação, a Z é ‘apenas’ R$ 3.500 mais cara que uma Honda CB 650 R, mas entrega 50 cv a mais de potência. Já uma CB 1000 R supera a Z em 17 cv, mas custa R$ 22 mil a mais que a Kawasaki.
Outro ponto que merece destaque é o comportamento. Se ao girar do punho a Z entrega o ‘pataço‘ de uma moto de 125 cv e 10 kgf.m de torque, numa tocada leve surpreende pela facilidade de pilotagem. Este é um dos méritos de sua ótima ciclística.
Além dos ótimos freios, a Z 900 oferece muita estabilidade em qualquer situação. E também é amigável, mesmo com quem nunca pilotou uma 4 cilindros. Isso se dá basicamente pelo porte compacto. Apesar do motor de 948 cm³, as dimensões da Z são dignas de motos bem menores: é 1 centímetro mais curta que uma CB 300F e tem banco apenas 3 cm mais alto que a street da Honda, por exemplo.
Pontos negativos
Maior sucesso da Kawasaki, a Z 900 é uma naked repleta de atributos. Mas alguns detalhes fariam dela um produto ainda mais interessante. Assim, seu principal ponto negativo talvez seja o banco do carona, inquestionavelmente duro e pequeno – mesmo para os padrões de uma moto esportiva.
Além disso, falta um botão no punho para navegar entre funções básicas do painel. Assim, é preciso tirar a mão do guidão toda vez que quiser consultar o consumo médio, o tempo de viagem ou a autonomia, por exemplo.
Por fim, outro ponto que pode incomodar os mais críticos é o compartilhamento de peças. Afinal, a Z partilha diversos itens com irmãs menores da família, o que pode acabar tirando um pouco o ‘status premium’ do modelo de 900 cilindradas. Componentes como botões, o farol e o painel – onde o TFT tem as mesmas 4,3 polegadas da Z 650, por exemplo.
Preço: quanto custa a Z 900
No Brasil, a Z 900 está disponível nas versões standard e R. Os preços sugeridos são R$ 60.490 e R$ 65.990 mais frete, respectivamente. Nas lojas, segundo a tabela fipe, os modelos custam R$ 62.918 e R$ 69.780.
Vale a pena comprar a Kawasaki Z 900?
Hora do veredito! Afinal, vale a pena comprar a 900 cilindradas da Kawasaki? Bom, nosso teste com a naked cumpriu seu propósito, deixando claro quais os motivos que fazem da Z 900 um sucesso no Brasil.
É uma moto competente em sua proposta, tão brutal e emocionante quanto uma streetfighter de 125 cv pode ser. Além disso, surpreende pela versatilidade e até conforto em perímetro urbano, tocada light ou viagens.
Para fechar, tem um interessante pacote eletrônico, oferecendo recursos raramente encontrados na sua faixa de preço e segmento. E isso é crucial para sua positiva relação custo benefício. Se você está procurando uma moto com todos estes predicados, talvez a Z 900 esteja pronta para lhe fazer feliz.