Iluminação full LED, farol com DLR, suspensão dianteira invertida, visual atrevido com banco em dois níveis e spoiler sob o motor. Afinal, vale a pena comprar a Haojue DR 160 em 2024?
Com estes atributos, o modelo chamou minha atenção logo na primeira vez que o vi pessoalmente, no Salão Duas Rodas 2017. E eu não fui o único interessado, já que ela rapidamente se tornaria a moto mais vendida da marca no mercado brasileiro. E foi para entender as razões do seu sucesso que elaboramos este teste.
Teste Haojue DR 160
Sim, a street com visual de moto maior lidera o ranking de emplacamentos da Haojue no Brasil. Segundo a Fenabrave, vendeu mais de 3,6 mil motos no ano passado, seguida de longe pelas 2,9 mil da DK 150. Ela atrai um público interessado em economia, mas que busca um comportamento com mais identidade que o padrão das urbanas de baixa cilindrada.
Antes de falar sobre o consumo, top speed, itens de série, prós e contras da DR 160, precisamos registrar um agradecimento à Suzuki Sun Motors. A concessionária de Porto Algre viabilizou este teste ao ceder prontamente a unidade testada – em impecável estado de conservação e com apenas 100 km no hodômetro.
Ficha técnica da DR 160
O fabricante da DR 160 é a Haojue, uma grande empresa chinesa que há mais de 30 anos possui uma parceria com a Suzuki. A grosso modo, podemos dizer que ela desenvolve muitas das ‘Suzuki’ de baixa cilindrada. Aliás, modelos que fizeram sucesso com a marca Suzuki por aqui, como Intruder 125 e Burgman 125, nasciam, na verdade, na fábrica da Haojue. No Brasil, a Haojue é representada pela JTZ, mesma empresa que possui os direitos de distribuição da Suzuki e da Kymco, focada em scooters.
A DR é movida por um motor de 162 cm³, arrefecido a ar, com comando simples no cabeçote (OHC). É chamado pela marca de ESR – diferente dos TSR que equipa modelos como NK, DK e Master Ride. Alimentado por injeção eletrônica, entrega 15 cv e 1,43 kgf.m de potência e torque máximos, a 8.000 e 6.500 rpm. O câmbio é de 5 velocidades.
As suspensões receberam carinho especial da Haojue. Na dianteira há garfo invertido, enquanto atrás há mono amortecimento e regulagens de pré-carga no amortecedor. Possivelmente, o conjunto mais refinado da categoria.
Já as rodas são aro 17″ e calçam pneus 100/80R e 130/70R, modelo Pirelli Sport Demon. Os freios contam com disco de 250 mm na dianteira e de 210 mm atrás, com sistema combinado (CBS).
O chassi é em tubos de aço e acomoda o tanque de combustível, de 12 litros. É uma moto curta, com 2.020 mm de comprimento, e leve, pesando 148 kg já abastecida e pronta para rodar. O assento está a 790 mm do chão.
DR 160, uma moto bem equipada
Feitas as apresentações, é hora de falar como é andar com a DR 160. Logo no primeiro contato, chama a atenção o visual esportivo do modelo, marcado por linhas agressivas e ótimo nível de acabamento. As peças são bem encaixadas e parecem de qualidade – e, em alguns componentes, até imitam fibra de carbono. Uma identidade ‘refinada’ que é reforçada pelos itens de série.
A Haojue tem iluminação full-LED (e com DLR, a luz de posição diurna), spoiler sob o motor, banco bipartido, chave em posição central (sobre o tanque) e até comandos dos punhos retroiluminados. Ainda, cavalete central para facilitar a manutenção. Realmente, um dos pacotes mais completos entre as motos de baixa cilindrada do país.
Cidade e estrada: como é andar com a DR
Particularmente, eu gostei da identidade da DR 160. Afinal, ela carrega a proposta ‘levemente esportiva’ para além do visual. Assim, suas suspensões são calibradas para serem firmes, o escapamento produz um som grave (nas medidas do possível, claro) e o motor entrega bastante torque logo nas primeiras rotações, garantindo mais emoção na aceleração. Parece uma ‘esportivinha‘ e se comporta como tal.
Este comportamento combinado à ótima ciclística entregue pelo conjunto de suspensões e rodas tem como resultado uma pilotagem divertida em estradas e rodovias. É estável, acelera rápido e mostra muito vigor para uma 160 cc. Mas em situações adversas, como longas retas ou aclives, você notará que está numa moto de ‘apenas’ 15 cv, naturalmente.
Já na cidade a DR 160 agrada pela economia. Leve, passa com facilidade pelos carros mesmo sem esterçar o máximo que poderia. É confortável, apesar de ter as suspensões mais firmes – justamente para reforçar seu ar de esportividade. E a posição do garupa agrada, também. A qualidade do banco e espaço para as pernas passam relativo conforto. Além disso, o carona pode aproveitar a vista, graças à altura elevada do assento.
Top speed e consumo da DR 160
Há pouco falamos em economia. Na cidade, a DR 160 fez médias na casa dos 40 km por litro. Na rodovia, onde exigimos aceleração constante do motor, a média caiu para 30 km por litro.
Já a velocidade máxima foi de 125 km/h no painel digital. Com condições favoráveis – e um pouco de paciência – foi possível chegar aos 130 km/h. Vale lembrar que a unidade testada tinha poucos km rodados, então os números de consumo e desempenho tendem a melhorar com o tempo.
Pontos positivos
Certamente, um dos maiores prós da DR 160 é o nível de equipamentos. Como já falado, tem suspensão dianteira invertida, traseira monoamortecida e com regulagem na mola, iluminação full LED, farol com DLR, painel digital ‘completo’, comandos iluminados, chave em posição central, spoiler e cavalete central.
Também é preciso ressaltar o visual, de bom gosto e acabamento. Ainda, a suavidade do motor e conforto de pilotagem – que nos possibilitou fazer 350 km num único dia sem qualquer fadiga excessiva. Por fim, claro, a personalidade do modelo. Afinal, a DR 160 é fiel à sua proposta de ‘moto urbana e econômica, mas com uma pitada de esportividade’.
Pontos negativos da DR 160
Existem alguns detalhes que fariam da DR 160 uma street de baixa cilindrada ainda melhor. Entre eles, estar equipada com pisca alerta – que deveria ser obrigatório em todas as motos – e também contar com espelhos de melhor campo visual. Particularmente, também não gosto dos painéis em LCD invertido (blackout), pois acho que sofrem com reflexos em excesso sob o sol forte.
Mas a principal falha do modelo é não contar com ABS – sequer na roda dianteira, como oferece a NK 150. Além disso, o motor poderia ser flex, como a maioria das motos urbanas do país. Também, tivemos algumas dificuldades com o câmbio. Apesar de macio, em tocada esportiva, ele deixou escapar a quinta marcha algumas vezes.
Quanto custa a DR 160 da Haojue
A DR 160 tem preço sugerido pela marca de R$ 18.496. Já nas lojas, costuma ser encontrada por aproximadamente R$ 20.100 (fipe). Está disponível em versão única e três cores: branco, vermelho e azul. É um valor competitivo no segmento. Mesmo bem melhor equipada, custa R$ 500 a menos que a líder do nicho, a CG 160 Titan.
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O segmento das street de baixa cilindrada é dominado, de muito longe, pela CG 160 e seus mais de 400 mil emplacamentos anuais. Porém, a Honda é voltada a um público que prioriza simplicidade e robustez, não sendo uma concorrente direta da estilosa e bem equipada DR 160. Se a rival da CG na Haojue é a DK, a DR também não está sozinha.
Entre as rivais, destaque à Bajaj Dominar 160 e Dafra Apache RTR 200. Bem equipadas, a Dominar tem ABS na dianteira e suspensão invertida, enquanto a Apache chega a oferecer conectividade, sistema de navegação, suspensão Showa ajustável, motor de 21 cv e ABS na frente. Os preços de mercado são próximos aos da DR: R$ 16.990 e R$ 18.744.
E tem a Yamaha. Com uma grande rede de concessionárias e assistência técnica, a japonesa oferece a bem equipada Fazer FZ15, com ABS frontal, luzes em LED, suspensão com tubos de 41mm, painel completo e mais recursos. Ainda, há a carenada R15 – provavelmente a baixa cilindrada com melhor nível de construção do país. Nas lojas, elas custam aproximadamente R$ 20.432 e R$ 21.690.
Vale a pena comprar a DR 160?
Agora que já vimos como é andar de DR 160 na cidade e estrada, qual sua velocidade máxima, quantos km faz por litro, pontos fortes e fracos e muito mais, é hora do veredito: vale a pena comprar? É melhor que CG 160 e outras opções do segmento?
Apesar da forte concorrência, a DR pode confiar em seus atributos. No teste, a Haojue se mostrou uma moto competente, fiel à sua proposta de levar doses de esportividade a uma pequena urbana. Também agradou pela eficiência de seus itens de série – como as estáveis suspensões e o sistema de iluminação, tão funcional quanto bonito. É, sem dúvidas, uma das motos mais interessantes e com um dos melhores custo benefício da categoria.
Assim, a DR 160 pode ser uma boa opção de moto econômica e estilosa para quem busca fugir do tradicional domínio japonês. Os futuros clientes ainda podem contar com a revisão preço fixo, que informa previamente qual será o valor investido nas idas a oficina, e com 2 anos de garantia. Além disso, claro, precisam estar preparados para ouvir ‘é 160? Nossa, achei era uma moto maior!’.