A indústria brasileira de motocicletas registrou um crescimento expressivo, alcançando a produção de 1,7 milhão de motos em 2024. O volume representa um aumento de 11,1% em relação ao ano anterior, o melhor resultado em mais de uma década.
Foram mais de 1,7 milhão de motos em 2024
A produção nacional de motocicletas atingiu o número total de 1.748.317 unidades em 2024consolidando-se como o melhor desempenho desde 2011. O setor superou as projeções iniciais da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas e Bicicletas (Abraciclo)que previa um crescimento de 7,4% no início do ano passado. O aumento da produção foi impulsionado por fatores como planejamento industrial eficiente e a demanda crescente por motocicletas no país.


Apesar do cenário positivo, as exportações registraram um declínio de 5,9%com um total de 30.986 unidades enviadas para o exterior. A queda nas vendas em mercados como Argentina e Colômbia impactou negativamente o desempenho das exportações brasileiras. Mesmo assim, as expectativas para 2025 são otimistas, com uma projeção de crescimento de 13%, podendo atingir 35 mil unidades exportadas.
No mercado interno, as vendas no varejo cresceram de forma expressiva, superando até mesmo o avanço da produção. Foram 1.876.427 motocicletas emplacadas, um aumento de 18,6% em relação a 2023. Esse resultado reforça a preferência dos consumidores pelo modal, principalmente devido ao seu custo-benefício, baixo consumo de combustível e agilidade no trânsito urbano.
Segmentação do mercado e crescimento das categorias
As motocicletas de baixa cilindrada (até 160 cm³) dominaram o mercado, com mais de 1,3 milhão de unidades fabricadasrepresentando um crescimento de 7,8%. Esse segmento continua sendo o mais procurado pelos consumidores brasileiros devido ao seu preço acessível e economia no uso diário.


Já as motos de média cilindrada (161 cm³ a 449 cm³) foram as que mais cresceram proporcionalmente, registrando um aumento de 25,9%, totalizando 327 mil unidades produzidas. Esse crescimento reflete a tendência de motociclistas que buscam modelos mais potentes, com melhor desempenho e tecnologia embarcada.
As motocicletas de alta cilindrada (acima de 450 cm³) também tiveram um desempenho positivo, com 55,3 mil unidades fabricadas e um crescimento de 17,7% em relação ao ano anterior.
A diversificação do mercado foi impulsionada pelo lançamento de 37 novos modelos em 2024abrangendo diversas categorias, como Street, Trail, Scooter e Big Trail. A categoria Street liderou a produção com 855.240 unidades, representando 48,9% do total fabricado.
Projeções para 2025: crescimento moderado, mas constante
Para 2025, a Abraciclo estima um novo crescimento de 7,5% na produçãototalizando 1,88 milhão de motocicletas fabricadas. A capacidade produtiva da Zona Franca de Manaus, onde mais de 90% das motos nacionais são fabricadas, foi ampliada com a implementação de uma segunda linha de produção da Royal Enfieldem parceria com o grupo Multi.


A perspectiva para o varejo também é positiva, com a projeção de 2,02 milhões de unidades comercializadas, o que representaria um novo recorde de vendas para o setor. Entretanto, a inflação e a alta do dólar são fatores que preocupam a indústria, podendo impactar os custos de produção e, consequentemente, o preço final das motocicletas.
UM Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores (Fenabrave) é ainda mais otimista e projeta um crescimento de 10% nas vendaschegando a 2,063 milhões de unidades vendidas, ultrapassando o recorde de 2011.
Exportações: desafios e oportunidades
Embora a produção nacional esteja em alta, a exportação de motocicletas ainda enfrenta desafios estruturais. A legislação brasileira está alinhada com os padrões europeus de emissões de poluentes, o que facilita a exportação para mercados desenvolvidos, como Estados Unidos, Canadá e Austrália. No entanto, os países vizinhos da América do Sul ainda adotam legislações menos rigorosas, dificultando a exportação de modelos brasileiros.


Mesmo com essas dificuldades, a projeção para 2025 é de uma recuperação parcial, com um crescimento de 13% nas exportaçõesalcançando 35 mil unidades. Esse número ainda está distante do patamar de 2017, quando o Brasil exportou 81,8 mil motocicletas.
Se as projeções forem confirmadas, o setor poderá alcançar novos recordes, consolidando sua importância na economia nacional.